Início Menor Abandonado Vate O Inferninho Delfim

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     “O Inferninho” é uma estória ainda inacabada e que até o momento está sem final... conta o infortúnio êxodo e regresso da ilha de São Luís do jovem rapaz André que em sua iniciação sexual num puteiro teve toda a sua vida revirada ao avesso... ele regressa anos mais tarde pensando que o tempo já teria apagado o dia fatídico que culminou com a sua fuga para o interior do Maranhão e quem sabe poder rever sua família que, ao fugir, deixou-lhes órfãos de informações sobre o seu paradeiro... mas o que realmente o traz de volta à ilha é um segredo que ele pretende não mais fugir e enfrentar seus medos e sua revolta interior...

     Eu convido você a me ajudar a terminar de escrever este livro. Como? Você vai acompanhar o nascimento dos capítulos e opinar sobre eles. Deixar as suas impressões e dar pitacos sobre qual caminho a estória pode tomar. Lembrem-se: A ESTÓRIA AINDA ESTÁ INACABADA.

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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

1 - O Regresso (ou "Capítulo VII")

Os vagalhões engoliam a lancha que se tornava pequena a cada descida, e, na subida às ladeiras d’água, parecia que não iria agüentar o seu próprio peso, até que as águas gigantes curvavam-se sobre si mesma e sumiam de debaixo de seu casco. A proa apontava seu nariz todo ao ar, largando-se em seguida sobre o chão do mar. A lancha toda tremia num desespero claro, mas já conhecido e por alguns ignorados: capitão e tripulantes, veteranos da travessia da baía de São Marcos.
A lancha era uma daquelas bem comuns que todos os dias atravessam aquele pedaço de mar, com o nome de mulher que outrora foi paixão de algum marinheiro desventurado. A tinta branca do casco jazia aos poucos com os solavancos da água salgada, que já trazia consigo caracas e negrume comuns.
O céu escurecera repentinamente alguns minutos após a lancha ter deixado seu porto, contrariando as impressões de André, mas não chovia ainda, apenas o vento que se pronunciava com ferocidade, fazendo vagalhões e balançando a pequena embarcação. Pequena em parte, dentro dela parecia gigantesca tal aquela gente amontoada que povoava a embarcação. Os porcos guinchando no porão. Uma arara que gritava como criança assustada. Alguém vomitava lamentosamente toda a sua refeição embrulhada pelo balanço do mar; o garotinho encolhido no seio da mãe, escondendo o rosto como se estivesse afastando-se de alguma cena aterradora, era somente o medo do balanço; e dois rapazes que, apesar da balbúrdia, conversavam distraidamente ao lado de uma garrafa de cachaça.
André fumava com um semblante de indiferença, sentado em uma cadeira que privilegiava a visão de quase todos no barco, mas a sua indiferença era apenas aparente. Em seu íntimo já se irritara com a arara e com os porcos pelo barulho incessante e ensandecente que eles proporcionavam; vagou por alguns instantes naquele garotinho procurando proteção no colo da mãe. Lembrou-se da sua. Ah! tão doce ela pareceu-lhe. Esqueceu-se de todas aquelas lembranças más causadas por pequenas indiferenças e discórdias que sempre há entre mães e filhos e restaram-lhe apenas as doces. Ah! Que saudades sentia de sua mãe. –– Como pode se beber numa viagem destas –– comentou consigo a respeito dos rapazes que bebiam tranqüilamente ––, estômagos de ferro!
Olhou para fora da lancha, na direção de seu destino, a ilha de São Luís, que sumia e reaparecia no horizonte com o sincronismo dos vagalhões engolindo a embarcação. Uma comoção tocou-lhe o coração levemente e depois foi abraçando-o cada vez mais, envolvendo-lhe por completo; aquele leve toque transformou-se num aperto dorido com a garganta prendendo-a para que não escapasse para os olhos. Que saudades! Que saudades! Toda a sua gente, seus amigos, seus parentes, seu bairro no qual morara desde o nascimento até aquele dia fatídico de incidentes, sua mãe que, vez em quando, voltava à sua memória num arrebatamento violento. Que saudades! passaram-se seis anos, muitas coisas deveriam ter mudado. Será que a Prefeitura ajeitou aquela rua que sempre alagava quando chovia? A Aninha já deve estar uma mulher. Será que já namora? Engraçado, se a visse crescer talvez eu sentiria aquele ciúme protecionista que existe entre irmãos, mas qual? Penso na Aninha como uma pessoa tão distante e comum... e realmente ela está distante. Quanto me furtei ao fugir? –– desconsolou-se amargamente –– quanto me sacrifiquei com esta fuga? Ás vezes penso que seria melhor eu ter ficado e encarado o problema de frente. Será que ela foi realmente precisa? A fuga... Meu pai, minha mãe, minha irmã... tantos anos... –– a comoção que lhe apertara o peito não era a mesma que lhe trazia tristezas tão profundas. A que lhe trazia estava guardada incontinenti em seu inconsciente, uma decisão que tomara e que apesar de toda a sua angústia que ela lhe trouxe quando foi tomada, estava decidido que a seguiria com rigor, mas procurava escondê-la e mantê-la longe de seus pensamentos: não iria regressar ao seu saudosismo e nem iria rever seus amigos que deixara, por mais doído que parecesse, não procuraria sua família, não falaria com sua mãe, não lhe daria aquele abraço tão desejado e aguardado. Não! Privaria-se destes prazeres. O motivo pelo qual regressava era outro: vingança.

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