Início Menor Abandonado Vate O Inferninho Delfim

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     “O Inferninho” é uma estória ainda inacabada e que até o momento está sem final... conta o infortúnio êxodo e regresso da ilha de São Luís do jovem rapaz André que em sua iniciação sexual num puteiro teve toda a sua vida revirada ao avesso... ele regressa anos mais tarde pensando que o tempo já teria apagado o dia fatídico que culminou com a sua fuga para o interior do Maranhão e quem sabe poder rever sua família que, ao fugir, deixou-lhes órfãos de informações sobre o seu paradeiro... mas o que realmente o traz de volta à ilha é um segredo que ele pretende não mais fugir e enfrentar seus medos e sua revolta interior...

     Eu convido você a me ajudar a terminar de escrever este livro. Como? Você vai acompanhar o nascimento dos capítulos e opinar sobre eles. Deixar as suas impressões e dar pitacos sobre qual caminho a estória pode tomar. Lembrem-se: A ESTÓRIA AINDA ESTÁ INACABADA.

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Os capítulos serão curtos. Pois assim serão mais fáceis de serem lidos no computador. E estão(arão) à disposição sempre neste blog.

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domingo, 2 de janeiro de 2011

Capítulo I

          Ele nem acredita que está indo para este lugar de músicas chatas, pouca luz, fumarento e cheio de bêbados. Um lugar realmente sem graça pensa ele. De sexo sem presságios, direto e inseguro. De amor sem importância. O que realmente interessa é o êxtase, o orgasmo, o enlevo, o final.
          A motivação que o leva a este lugar é uma profissão que já existe a milhares de anos e não evoluiu nada de lá para cá. E também os seus amigos que insistiram, o molestaram e o apelidaram. O chamaram de galudo, que nunca cresceria, que nunca sairia debaixo da asa da mãe, que nunca se tornaria um homem de verdade...
          Em todo trajeto ele ficou calado, pensativo, guardando suas opiniões para si. Seu amigo que estava sentado a seu lado e que o acompanhava o trouxe de volta para dentro do ônibus:
          – O que foi André? Você está tão calado!
          – Nada... Nada não.
          – Mas tu tá tão quieto, não falou nada deste que entramos no ônibus. Tá com medo? Não precisa ter medo... Tu não tem camisinha?
          – Tenho, sim. Mas é que...
          – Então, não precisa ficar preocupado, ou tu tá com medo porque ainda é virgem?
          – Não! Não é nada disso. O lance é que eu não gosto disso... nunca gostei assim. Eu sempre achei que é para se ter carinho durante uma relação...
          – Tá parecendo uma mulher falando... Pára com essas frescuras, otário. Se tu não quisesse vir que falasse...
          – Eu falei sim. Eu disse que não queria vir. Vocês é que insistiram, me chamaram de bichinha e tudo mais.
          – Tudo bem, nós insistimos. Mas eu não sou tua cabeça, não. Tua cabeça é que é teu guia.
          No meio da discussão, os outros dois amigos se levantam das cadeiras e Zequinha intervem.
          – Vumbora donzelas tá na hora de tirar a gala seca da cabeça.
        Desceram do ônibus. Quatro adolescentes. Próximo ao Mercado Central, às cinco horas da tarde, o dia estava nublado, ameaçando chover muito, mas os quatros companheiros não estavam preocupados com o tempo ou como estava o céu, eles estavam preocupados com outras coisas.
          O mais nervoso era André, que tinha apenas 15 anos, porém aparentava ter mais por sua estatura elevada para sua idade. Ele ainda não teria tido relações sexuais, apesar de já ter tido muitas namoradinhas. Era alto mas não muito forte, também não era magro; os olhos castanho-escuros e uma pele morena clara; o rosto liso, sem espinhas, que lhe traduzia uma idade menor, cabelos claros, dourados, crescendo até a metade do pescoço, desorganizados e um aspecto de desleixe como se fosse lavado com xampu apenas de semana em semana.
          Bolão, entre os quatros, era o menos experiente no sexo, por isso era o mais descontente com a ideia, mas topava tudo. Carlos, o melhor amigo de André, não estava tão preocupado quanto André ou Bolão, pois ele já teria passado por lá. Seu pai o levou uma vez e tomou uma cerveja enquanto falava para o seu filho que perdera a sua virgindade num puteiro igual àquele, também levado pelo seu pai. Carlos não entendeu a deixa. Estava mas envergonhado do que qualquer outra coisa, pensava em apenas sair daquele lugar. Com 18 anos, cabelos lisos e negros que batiam nos ombros, tinha um ar de superioridade, como se fosse o mais inteligente da turma. Não era tão alto quanto André porém era mais forte. Músculos rijos de adolescente matreiro que viveu sua infância empinando papagaio, jogando bola, subindo em árvores, caçando passarinho com baladeira no cemitério. Um ar elétrico de quem não pára para assistir televisão. Encarava tudo, menos ficar um dia inteiro dentro de casa sem fazer nada, apenas sentado diante de um aparelho ligado tocando músicas de uma rádio comercial, ou uma tela acessa propagando imagens para puro passar de tempo.
         Estavam ansiosos, atravessaram a avenida Magalhães de Almeida sem dificuldades. O trânsito estava calmo. Percorreram a calçada mosaica de pedras pretas e brancas do Banco Bradesco e passaram em frente a uma loja de bicicletas que mesmo em dias de sábado ficava aberta até mais das três horas da tarde, mas àquela hora já havia encerrado o seu turno. Só faltava agora uma rua com uma vala de esgoto a céu aberto que cortava a rua ao meio, em ocasião os carros não podiam trafegar naquela rua estreita. Logo ao lado da loja de bicicletas havia um barzinho com duas mesas do lado de fora, bem ao lado da vala. Duas pessoas estavam sentadas em uma das mesas enquanto bebiam cerveja. Aquela ruela fica atrás do Oscar Frota Comércio e Representações. Um prédio que hoje é alugado para outras empresas e o Comércio e Representações agora só faz parte da pintura azul clara do prédio. Por isso aquela pequena ruela é mais conhecida como Oscar Frota do que pelo seu verdadeiro nome. De certo nem os carteiros lembram do nome verdadeiro da ruela. De frente para eles estava o seu destino, o bar Calígula. O antro de depravações e imoralidade. O lugar do sexo fácil e inseguro. O desrespeito aos bons costumes. O refúgio de todos; dos jovens inseguros que não aguentam mais a sua inocência, das lésbicas e entendidos que vem caçar – procurar um parceiro para a noite –, dos veteranos que depois de um dia de trabalho cansativo procuram uma loira gelada e de preferência acompanhada de outra quente.
          Para os quatros jovens, especialmente para André, aquele seria o último momento de incerteza, se alguém quiser voltar atrás esta é a hora. Contudo nenhum dos quatro fraquejou e adentraram o bar.
          Alguns instantaneamente olharam para eles: o garçom e algumas mulheres que estavam sentadas encostadas na parede. Eles procuraram uma mesa e sentaram-se. O bar estava quase vazio, a música brega arrastada, de um disco LP cheio de chiados do vinil dava um clima de melancolia. O mais desinibido da turma o José Aristides – entre eles o Zequinha – fez um sinal ao garçom para trazer-lhes uma cerveja. Ele era o mais desinibido porque já conhecia o lugar e já estava acostumado com o ambiente, já havia se aproveitado dos serviços dos garçons e das mulheres que ali trabalham. Um garçom mal vestido trouxe a cerveja com um isopor amarelado e quatro copos, olhou para os quatro rapazotes com discriminação e disse com um ar de agressividade:
          – Vocês não acham que deveriam cuidar das espinhas ao invés de estarem aqui?
          Os quatros calaram-se por algum momento e se entreolharam.
          André envergonhado abaixou a cabeça e ficou a olhar fixamente para o chão como uma avestruz que enterra a cabeça, o quarto integrante, o Bolão, já se levantava da cadeira para se dirigir à porta quando Zequinha respondeu:
          – Pára de frescura, cara! Aqui não tem nenhuma mocinha para tu vim falar desse jeito.
          O garçom olhou para Zequinha como quem não gostou da resposta e já preparava uma nova para replicar, Bolão já estava praticamente do lado de fora do bar, quando Zequinha levantou da cadeira e ofereceu a mão para o garçom e ele aceitou os cumprimentos.
          – Como vai tua força, compadre!
          – Tamo levando, Leôncio.
          – E a família? Como vai a tua irmã, a Sandrinha, aquela gostosinha?
          – Deixa de onda com ela, Leôncio. Ela só tem dezesseis, ainda não é pra burro velho como tu.
          Sem dizer mais nada o garçom deu as costas para o grupo e voltou para o balcão. Bolão que continuava de pé assistindo a cena sem entender nada voltou para a mesa e sentou-se logo após Zequinha sentar-se. Carlos e André começaram a dar risadinhas e a caçoar de Bolão.
          – Tu é muito medroso mesmo Bolão! – Carlos falou parando de rir.
          – Quase que ele mija nas próprias calças.
          – Eu? Me mijar? Olha só quem fala! parecia até que tinha perdido os culhão no chão!
          – Vocês são todos um bando de mariquinha, isso sim. Na hora do pau todos amarelam – advertiu Zequinha e todos se calaram.
          Fora do bar já começara a chover e eles já estavam na quinta cerveja, foi o tempo em que Zequinha se levantou da mesa para ir ao banheiro, no caminho fitou uma das meretrizes que se encontrava próxima ao banheiro. Todos os três acompanhavam os passos de Zequinha para saber onde era o banheiro para depois não precisarem perguntar, e perceberam o intuito dele. Esperaram, então, a sua saída do banheiro. Ao sair Zequinha foi falar com a própria, todos olhavam com sofreguidão, mas nenhum deles podia ouvir a conversa, pois estavam muito longe. Ela se levantou tomou a dianteira e ele a seguiu tomando a direção de uma escada e subiram, os três acompanharam o trajeto da dupla até saírem de suas visões.
          Por alguns momentos os três se entreolharam, mas não falaram nada a respeito. André sondou com os olhos em volta, investigando qual seria a melhor para o seu gosto e percebeu uma aloirada a encará-lo. De cabelos longos, blusinha cóton mostrando o umbigo e calça jeans bem apertada. Ela estava sentada em uma cadeira de frente pra ele, sem nenhum obstáculo atrapalhando a sua performance: de pernas abertas e as mãos em cima das coxas. Realmente era uma cena emocionante: olhar entre as pernas da moça e ver uma calça apertando-a. As suas coxas roliças e grossas também lhe chamava a atenção. Imediatamente o tesão aflorou em seu sexo e o álcool em sua cabeça fez com que ele perdesse a inibição e ao invés de mudar o curso de sua visão, como era de costume fazer em situações parecidas, ele a encarou fixo, imaginando o ponto "G" que ouvira falar e levou a mão direita à bermuda e começou a fazer movimentos por sobre o pano bem lentamente. Ela então piscou para ele e mandou uma bitoquinha. Os outros dois não notaram o acontecido. André encheu o seu copo e bebeu tudo em um só gole. Percebendo, Carlos advertiu:
          – Ei, rapaz, vai com calma com a bebida. Se não você vai sair é embriagado e não extasiado. – André não respondeu, e concluiu – Vou ao banheiro.
          No caminho, a companheira da meretriz que está com Zequinha, o chamou;
          – E então garotinho, você não quer brincar um pouco?
          – Eu vim aqui pra isso belezinha! – respondeu já chegando mais perto dela e apoiando a mão em seu ombro – Quanto é que custa a brincadeirinha?
          – Completo é trinta fora o quarto.
          – Trinta?! Não dá pra sair por vinte? – Ela o olhou de cima abaixo e resolveu positivamente. – Vinte é só o básico. – O coração de Carlos bateu mais forte. Ele continuou sua jornada ao banheiro sem falar nada, e depois que saiu ele a chamou.
          – Vamos?
          Ela se levantou e tomou a mesma direção de sua companheira, subindo as escadas, e ele a acompanhou.
André e Bolão acompanhavam em seus lugares.
          – Eu acho que vamos ficar sozinhos por algum tempo André.
          – É. Eu acho que sim.
          Ele olha novamente a aloirada. Percebendo que ele estava olhando-a novamente ela cruza as pernas e levanta um pouco as nádegas da cadeira de ferro. Ele enche novamente o copo, só que dessa vez não bebe lembrando do conselho do amigo. Fecha os olhos, respira fundo e imagina-se deitado sobre ela. A cena que lhe vem à cabeça é bem familiar das revistinhas pornográficas que esconde em sua casa. É o que primeiro lhe vem à cabeça quando pensa em sexo. Ele se levanta e toma um gole, pequeno dessa vez, e diz para Bolão que volta logo. Bolão balança a cabeça positivamente e continua sentado com seus quase "oitenta" quilos – Bolão tem esse apelido porque é bem gordo para a sua idade – ele já sabe que será o único que não aproveitará a viagem.

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